PROFISSÃO DJ: Como era difícil !

Enviado por Dj Robson Santos


Antes mesmo de falar da profissão em si, vamos voltar no tempo, vamos ver como as coisas funcionavam.

Voltemos as décadas de 70, 80 e início de 90. Então apresento-lhe o mixer QUASAR, pois é ! Este ai da foto, parece uma caixa de sapato. O top de linha (na época, lógico), mixar nele...hummm, tinha que fazer um intensivo apenas para mexer nele, pois não havia pré-escuta; isso mesmo. Sem pré-escuta. Até tinha, mas o DJ tinha que fechar o canal que queria escutar e aumentar o volume, caso o canal estivesse aberto, o som saíria no master. Bem complicado mesmo.



Ainda na década de 70 puxando para 80 vamos falar dos toca-discos. Sim, este sim é bom. Que tal o famoso GARRARD. Este na foto. Ué, mas já não existia o mais famoso do mundo, o MKII ? Sim, existia,  não era apenas caro, mas, super caro. Eram raras boates que tinham este toca-discos, imagine os DJs !?.


Ok, então o que há de especial no Garrard? Nada, pelo contrário tinha "despecial" (existe esta palavra? rs). Pois é, sem pitch, o prato rodava com ajuda de uma correia. Fazer scratch nele? KKKKK. Ah! tem um detalhe, quando o braço chegava no final do disco, ele levantava automaticamente. Enfim...

Ah! mas apareceu, (ôba, a coisa esta melhorando) este toca-disco você comprava em qualquer loja de eletrodomésticos. E tinha pitch ! Estou falando do Gradiente D35. Bonitinho né? Mas, apareceu outros bons


Agora vamos falar de vinil. Eita coisa boa, trabalhar com vinil. Mas, havia um porém. Eram tão caros só quem podia comprar era os donos das boates ou as famosas e bem sucedidas equipes de som. Você queria exclusividade numa música (vinil), tinha que esperar a loja de importados trazer. E quando chegava na loja, o dono ligava para seus clientes, e putz! pense numa loucura neste dia na loja. Todos querendo ver, escutar, pegar. E havia máfia, sim, havia. Os clientes preferenciais levava os melhores vinis, e depois você pagava uma gravação numa fita cassette para ter aquele música (difícil isso). As vezes eram 3 ou 4 vinis  de uma determinada música para toda a cidade. E um pequeno detalhe, era uma música por vinil.

Ah! tinha outra opção, as gravadoras que divulgavam seus artístas entregando vinil e fitas VHS. Mas, também havia outra máfia, só os DJs das melhores casas tinham acesso a este material, estavam lá guardados só para eles. E as vezes tinhamos que ficar horas esperando o representante da gravadora retornar de algum compromisso particular.

Eu, poderia fazer um livro especificando as dificuldades de ser um DJ nestas décadas. O que eu quero dizer, é que para ser DJ nestas décadas era PURO AMOR, PAIXÃO, TESÃO e todos bons adjetivos necessários. As dificuldades eram enormes. Ninguém ou quase ninguém queria ser DJ, pois era extremamente difícil. Não exatamente para entrar no mercado, mas, para manuseiar e montar os equipamentos, comprar discos e etc. Meu pai me dava dinheiro para o lanche do colégio, eu juntava para comprar discos.

A revolta de muitos hoje não é com a facilidade de acesso a equipamentos, músicas, videos, etc. Pelo contrário, a tecnologia veio para facilitar a vida de todos os profissionais e amadores. Mas, o problema é o mal  uso deste material por determinadas pessoas que se auto intitulam "DJs", no qual banalizam a profissão.

Então fica a pergunta: Se ainda houvesse todas estas dificuldades para se tornar um DJ, será que haveria esta febre de DJ?. Então um certo dia alguém diz: "Não, mas, eu sou DJ justamente pela facilidade". Então vem a próxima pergunta: "É por amor mesmo a profissão? ou pela fama?" Mentindo ele diz: "Pelo dois". Então eu digo: "Então você não se importaria de estar atrás de uma parede tocando sem o público lhe ver?" então ele diz: "Ai é F..."

Outra coisa que eu ia esquecendo para terminar esta matéria. Haviam boates onde o arquiteto montava toda  a boate e no final das obras lembrava do DJ, ou seja da cabine do DJ. Na sua maioria ficava debaixo de escadas, no catinho do bar, ao lado dos caixas de pagamento, etc. Uma coisa que me impressionou foi a localização da cabine de som que uma famosa boate em Recife, a Hippopotamus, pois é! a cabine era bem escondida com um vidro de  aproximadamente um metro quadrado, ou seja, ver o DJ!?..ehehehh, quase não dava. Mas, ele estava ali, sem se importar se o público estava lhe observando.

O DJ tinha que ter conhecimento de montagem de equipamentos. Polaridade, impedância, OHMs, enfim, caso acontecesse qualquer problema de som na sua cabine, ele teria que resolver

Criar? editar? montar? remixar uma música? Pois é, nada de Sound Forge, vegas, Ableton, entre muitos outros. A edição era feito na "MUNHECA", na mão. Cortado e colando com fita a parte que interessava. Isso é bem pré histórico. Com a tecnologia de hoje, isso é coisa dos homens das cavernas. Mas, tem um lado positivo, o homem das cavernas criaram a roda e hoje você viaja de carro.

Abraço à todos!
Dj Robson Santos

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